Nunca olhe para dentro - Amanda Ághata Costa

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Título: Nunca olhe para dentro
Autora: Amanda Ághata Costa
Editora: Amazon
Ano: 2017

Sinopse: Nem sempre a vida é colorida como um quadro ou suave como uma pincelada, às vezes é o contrário de tudo isso. Depois de perder os pais em um acidente de carro aos oito anos, a única coisa que Betina precisa fazer é encontrar o responsável por ter destruído sua família na noite que daria início à sua próspera carreira como pintora. Agora, longe dos pincéis e das paletas, ela está focada em terminar a primeira graduação e procurar na justiça um pouco de consolo para o caos que o seu passado ainda traz. Ao lado de seus amigos e sob o teto de uma tia que a detesta, ela perceberá de que cores as pessoas são feitas, e do quanto é realmente necessário olhar para dentro de tudo aquilo que a assombra, mesmo que para isso precise passar por uma inesperada decepção.

Nunca olhe para dentro - Amanda Ághata Costa

      Atenção esta resenha contém Spoilers!
     
      Cores.
   Elas estão ao nosso redor o tempo todo, mas quantas vezes paramos para aprecia-las? Quase nunca. E se de repente o mundo perdesse a cor ?
    Para Betina as cores tem outro sentido, mais amplo e mais especial. Ela estava destinada à felicidade e a ser grande,  mas as circunstâncias da vida obrigaram Betina a enxergar em preto e branco, a aceitar o pouco que lhe restou e, principalmente, a nunca olhar para dentro.
"Depois de passar por todas as cores, dar de cara com a morte e viver na penumbra por muitos anos, a última coisa da qual eu preciso é voltar para o preto. O cinza é aceitável. O preto é o que eu mais abomino."
    Como começar a falar deste livro?
    NOPD, como sempre foi chamado carinhosamente pela autora e leitores, é um misto de emoções e sensações. Quando fiz as primeiras impressões já imaginava que seria um grande livro, até por adorar a escrita da Amanda e imaginar que não seria diferente neste livro, mas NOPD é mais, NOPD é maior.
    A narrativa carrega uma série de histórias e conflitos separados ao da protagonista que se encaixam perfeitamente, ao longo da construção, tornando esta história única. Por isso, vamos começar do núcleo secundário para o principal da trama.
   Cecília, tia de Betina e responsável pela sua guarda após o terrível acidente com seus pais, é uma personagem que, embora odiada e com razão, merece sua devida atenção e análise. Quantas "Cecílias" não existem por aí? Tias, avós, madrastas, familiares que são aqueles que deveriam dar o exemplo de amor e carinho, ser o suporte de crianças e adolescente que já perderam muito e tem seus psicológicos abalados, mas, na verdade, são os algozes. Cecília é uma personagem muito importante  para a trama e muito bem construída pela autora, para os leitores que passam por isso ou conhecem alguém que passe, como a Betina, não se acostumarem com isso, não acharem essas atitudes normais e denunciarem.
"Infelizmente, quem agride uma vez, agride mil vezes e jamais vai parar de agredir. Ficar calado não ajuda, aceitar em silêncio é pior ainda. O primeiro passo para acabar com a violência é mostrar que ela existe e precisa urgentemente parar de ser desacreditada."
    Paola e Caio são melhores amigos de Betina, mas ambos têm histórias tão complexas quanto as dela, por isso formam o trio perfeito de amigos que juntam seus cacos para formar uma nova obra. Com a mãe viciada e o constante preconceito racial, Paola enfrenta a vida com otimismo e Caio precisa lidar com a homofobia e as consequências da sua aceitação.
   Nicolas é um príncipe. A forma irreverente do médico solucionar problemas e a paciência e insistência que ele emprega para conquistar Betina, fazem dele um personagem especial. Com toda certeza, é diferente dos muitos homens que conhecemos hoje em dia, mas, apesar da delicadeza de seus gestos, carrega personalidade forte e decidida. Nicolas com toda certeza é vermelho. Vermelho em suas ações, vermelho em seu coração, vermelho em tudo.
Não entendo o que ele quer dizer, mas quando faz um traço com o pincel na primeira cicatriz que encontra, percebo o que Nicolas tem em mente. Ele não se importa de sou remendada, apenas quer oferecer um pouco de cores quer eu tanto amo para a minha própria existência. Ele quer que eu volte a sentir as cores vivas em mim.
  Betina foi uma personagem que me tocou de várias formas. Ser vítima de maus tratos e violência é inaceitável, porém é uma realidade e, infelizmente, não são poucas as pessoas que sofrem desse mal, considerando uma estimativa. Maior ainda seria este número se as vítimas tivessem apoio e coragem de denunciar sem se sentirem humilhadas.  A personagem é rica e bem trabalhada. Suas emoções, experiências traumáticas e sentimentos estão pincelados nas páginas do livro tornando a obra única.
  A forma como Betina vê o mundo e as pessoas através das cores é fascinante. Definir os sentimentos, as emoções e personalidade das pessoas pela cor que elas emanam é brilhante. Os traumas sofridos adormeceram, temporariamente, a capacidade da personagem de vivenciar este dom através da pintura, sua grande paixão, mas não excluem de vez. As cores estão ali, guardadas na caixinha interior que ela insiste em não olhar.


   Indicar NOPD é quase que uma redundância. O livro por si só já se indica. A capa perfeita, a sinopse instigante, o conceito,  os temas tratados tão atuais e tão relevantes e a autora. Essas já são provas irrefutáveis de que, no mínimo, o leitor irá se emocionar, mas, tenha a certeza de que acontecerá mais. Ao acabar a leitura,  grandes marcas ficarão, belos aprendizados, uma vontade imensa de mudar o mundo e lutar em prol do fim da violência domestica que é tão pouco citada.
   Espero que NOPD toque muitas pessoas, ajude muitas pessoas e que a autora seja lida por muitas pessoas.




♥ A Autora:
*Clique na imagem abaixo e conheça um pouco mais sobre o trabalho da Amanda.
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